A Teoria Psicanalítica da Personalidade


Teoria Psicanalítica da Personalidade



A psicanálise é um corpo teórico explicativo da estrutura psíquica, da vida mental e afactiva e um processo terapêutico das perturbações da personalidade. Esta teoria vai centrar a explicação do comportamento em fctores energéticos e internos à própria pessoa, apresentando assim uma perspectiva intrapsíquica do funcionamento humano. A personalidade é orientada por forças pulsionais, marcadas pelo inconsciente, e por uma grande importância atribuída à infância e às relações de objecto.

A experiencia clínica de Freud levou-o a valorizar os primeiros anos de vida e a compreender como o acesso ao mundo inconsciente (das pulsões, desejos, conteúdos reprimidos) explica as perturbações neuróticas.

Recorda-se, ainda como o sujeito se organiza através de mecanismos de defesa do ego para gerir o equilíbrio pessoal e a adaptação social, os conflitos, as ansiedades, tentando descrever os aspectos perturbantes e desorganizadores com que nos confrontamos. Contrariamente às concepções vigentes, a vida psíquica não decorre de uma forma lógica, controlada e previsível. É antes caracterizada por um dinamismo resultante de forças antagónicas que se chocam e se digladiam.

Para Freud, são princípios fundamentais que regem a vida psíquica: o princípio do prazer e o princípio da realidade, bem como as pulsões de vida e de morte. O princípio do prazer visa a realização imediata dos desejos, rege o inconsciente, o id. Entra em conflito com o ego, dominado pelo princípio da realidade, já que, de acordo com aquele princípio, o sujeito deverá lutar pela satisfação pulsional. O princípio da realidade domina a vida consciente e corresponde à necessidade de adaptação ao real social, visa um comportamento controlado, adequado às exigências desta. O ego, regido por este princípio e tendo em conta as exigências do superego, vai avaliar quais as pulsões do id que podem ou não ser satisfeitas. O superego que aparece enquanto instância do aparelho psíquico mais ou menos a partir dos cinco anos, vai impor ao ego valores morais e regras socioculturais, levando-o a viver conflitos, ambivalências, complexos, sofrimentos (sentimentos de culpabilidade), mas também orgulho e bem-estar consigo próprio. Através destes princípios, Freud pretendeu explicar alguns processos psíquicos da personalidade como conflitos, fugas e defesas, mas também desejos, expectativas e ambições.

Na sua concepção psicodinâmica, Freud estabelece uma distinção entre duas categorias de pulsão: as pulsões de vida e as pulsões de morte. As pulsões de vida – Eros -  agrupam as pulsões de autoconservação que visam a manutenção do indivíduo e as pulsões sexuais. As pulsões de morteThanathos – agrupam as pulsões de morte ou destrutivas que explicam as tendências agressivas ou de ausência total de tensões (Nirvana).

Os indivíduos na vida tendem para a acção imediata da realização do Eros embora também aspirem a não ter tensões, isto é, o regresso ao inorgânico (a realização do Thanathos).  



As pulsões de vida e as pulsões de morte